
Parque Imbuí
Teresópolis, agosto.2014 - edição 0004
Depressão
* Uma tristeza infinita *

Muitas vezes não damos importância para os sentimentos de tristeza e angústia que nos afetam. De vez em quando nos sentimos 'para baixo', com pensamentos negativos, sensações de desconforto no batimento cardíaco, dores de cabeça, dificuldades digestivas, entre outros incômodos. É preciso estar atento! Isso pode ser depressão!
Considerada a 4a principal causa de incapacitação em todo o mundo, a depressão é uma doença que não deixa marcas aparentes, mas afeta a vida pessoal e profissional.
De acordo com dados divulgados pela World Health Organization (WHO) - Organização Mundial da Saúde (OMS), nos próximos 20 anos a depressão será o mal prevalecente do planeta, atingindo mais pessoas do que quaisquer outras doenças, incluídos os cânceres e as doenças cardíacas.
Segundo a Dra. Ciane Lara dos Santos Rodrigues, psiquiatra da CliniCASSI de Fortaleza (CE), a depressão é uma doença grave e crônica que muitas vezes não é diagnosticada nem tratada de maneira adequada. Atinge qualquer faixa etária, de crianças a idosos. E as mulheres são atingidas pela doença duas vezes mais do que os homens.
Tristeza e depressão

A tristeza é um sentimento que temos ao passarmos por uma frustração em relação a algo ou a alguém.
Entretanto, quando esse sentimento surge sem razão aparente, predominando na maior parte do dia e permanecendo por mais tempo, merece atenção, pois pode ser um dos sintomas iniciais da depressão.
Além disso, "a irritabilidade excessiva ou a falta de energia ou de prazer para realizar o que antes era agradável podem ser outras formas da depressão se manifestar", alerta a Dra. Ciane.

Alterações no peso e no sono, perda de desejo sexual, emoções descontroladas, falta de concentração, também merecem cuidados.

Segundo a Dra. Ciane, o diagnóstico da depressão é clínico. Não há exames que comprovem o mal. Por isso, a avaliação do paciente e a leitura adequada dos sintomas são fundamentais, pois podem resultar num diagnóstico precoce e num tratamento adequado.
Como tratar a doença
Entender a origem da doença é essencial para o tratamento. A depressão pode surgir em qualquer fase da vida. Se não for tratada adequadamente, pode levar uma pessoa à incapacidade de gerenciar sua própria vida e a casos extremos, como o suicídio.
Caso a pessoa acometida pelo problema não esteja em condições de procurar um serviço de saúde, os familiares devem fazê-lo.
O tratamento da depressão não é baseado somente em medicamentos. Atividades psicoterápicas, culturais e sociais costumam levar o paciente a novas descobertas que podem ser decisivas na cura.

A artista plástica Glafira Luna Castello Branco, 69 anos, enfermeira aposentada, entrou em depressão após anos cuidando da saúde dos próprios familiares. Mas encontrou nas artes o auxílio para vencer.
Ao procurar tratamento, deu ouvidos ao conselho de sua psiquiatra para que buscasse uma atividade que realmente gostaria de desenvolver. Glafira tinha o desejo de pintar louça, mas o destino a levou para as telas, onde descobriu o encantamento das formas e das cores.
Hoje Glafira passa horas no pequeno ateliê que fez na varanda de seu apartamento e diz que dessa forma esquece tudo o que acontece no mundo do 'lado de fora'.
Agir quando se está deprimido pode ser um caminho difícil. Mas, "eu venci a depressão com ajuda do tratamento e sem remédios", diz Glafira. Para ela, há diferença entre o difícil e o impossível. "Quem determina como será o seu dia é você. Por isso, meu conselho é que a pessoa que está deprimida procure recarregar-se com as energias positivas da vida. É uma luta constante," declara.
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tela: Varanda grega
pintora: Glafira Luna Castello Branco
Glafira Luna Castello Branco
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Texto extraído do Jornal da AAFBB - julho/agosto 2012